por HENRIQUE RATTNER*
Os povos do mundo árabe têm sofrido nas últimas décadas sob a dominação de governos autocráticos impiedosos e opressores que roubaram suas riquezas e perseguiram qualquer voz dissidente. E o ocidente aceitou, por conveniência ou por interesses comerciais, essa situação degradante que fere os princípios básicos dos direitos e da dignidade humanos. A única alternativa que parecia existir era o regime do islamismo extremista, do tipo da teocracia iraniana.
O cenário mudou radicalmente quando um jovem tunisiano vendedor de frutas se auto-imolou em um ato de desespero após a apreensão de sua barraca pela polícia local. O movimento de protesto que desencadeou foi como um choque de abalo sísmico que atingiu toda a região, desde o Atlântico até o Golfo da Pérsia. Milhões de súditos passivos saíram às ruas para manifestar seus protestos contra os governos autoritários e clamar por reformas democráticas. A relativa facilidade com que as populações revoltadas derrubaram as ditaduras na Tunísia e no Egito não deve iludir os observadores e analistas políticos no mundo ocidental. Nos dois países, a recusa das forças armadas de atirar na população inviabilizaram a resistência dos governos, que foram obrigados a ceder às reivindicações por liberdade e democracia. (...)
Nenhum comentário:
Postar um comentário