Núcleo de Estudos da UFSCar fará tradução da coleção sobre História Geral da África em Parceria com Unesco e Ministério da Educação objetiva curso de formação de professores e distribuição de volumes para bibliotecas públicas
O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) da UFSCar será o responsável pela tradução de oito volumes da coleção sobre a História Geral da África. A coleção é reconhecida como a principal obra de referência internacional sobre o Continente. O NEAB recebeu R$ 600 mil para a execução do projeto em parceria com o Ministério da Educação e a Unesco.
A proposta tem como objetivo disponibilizar a obra completa nas páginas eletrônicas do MEC, da UNESCO e da UFSCar, além de distribuir volumes para todas as bibliotecas públicas do País. "A tradução responde a ausência secular de informações sobre o continente africano em língua Portuguesa", explica o professor Valter Roberto Silvério, coordenador do NEAB e consultor da Unesco. Silvério, que é professor do Departamento de Sociologia da UFSCar, ocupa também a presidência da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN). "A primeira mudança é que as pessoas percebam que a história da África é a história da humanidade", completa.
A primeira publicação da obra foi lançada no final da década de 80 com o original em Francês, e outras duas edições em Inglês e Espanhol, todos pela editora J. Kizerbo. A tradução para o Português terá como referência a edição em Francês. Os oito volumes tratam da Metodologia e Pré-história (v. 1), Antiga Civilização (v. 2), África do século VII ao XI (v. 3), dos séculos XII ao XVI (v. 4), séculos XVI ao XVIII (v. 5), século XIX - até 1880 (v. 6), a dominação colonial de 1880 a 1935 (v. 7) e desde 1935 em diante (v. 8).
O prazo para entrega da tradução dos oito volumes vence no final de dezembro. O próximo passo do NEAB é montar uma equipe de tradutores para cada volume. A parceria com a Unesco e o Ministério da Educação contribuirá para facilitar o acesso a essas informações, restrita hoje a um público privado pelo poder aquisitivo e conhecimento de outro idioma. Cada volume, de capa dura, custa em torno de 250 dólares. A tradução beneficiará todos os países que se utilizam de língua Portuguesa.Toda a articulação deste projeto teve início em novembro de 2007, durante um workshop na Unesco ministrado pelo professor Valter Silvério, em Brasília. A análise identificou como grande problema para conhecer e trabalhar a história da África a ausência de material de referência. O diagnóstico selou a parceria com o Ministério da Educação e a Unesco.
O trabalho de tradução surge num momento importante em que se discute, no Brasil, o Plano Nacional de implementação da lei 10.639, de 2003, que trata da história da cultura Afro-Brasileira e Africana. O documento final deverá ser entregue ao Ministério da Educação no próximo mês de julho. Em linhas gerais, prevê o curso de formação de profissionais da educação sobre a história da África e cultura africana com o objetivo de suprir a carência de informações e transmitir esse conhecimento aos alunos. A proposta é realizar a maior quantidade de cursos de formação continuada de professores para influenciar e mudar a formação da graduação. Isso significa implantar a História Geral da África em todos os cursos de licenciatura.
Silvério analisa que todo esse trabalho contribuirá para mudar significativamente a leitura sobre a cultura africana. Primeiro porque passa a colocar na formação dos professores do Ensino Básico referências positivas sobre a África. Segundo, para desmistificar a centralidade do processo histórico pela civilização européia. E, terceiro, alterar o ambiente de formação das crianças, dos jovens e dos professores. "Houve um período de expropriação econômica do continente africano, de destruição cultural e apagamento do significado da cultura africana no processo histórico do período colonial. Esse momento representa a possibilidade de reencontrar com o passado da humanidade", analisa Valter Silvério.
3 comentários:
Sim, muito boa a inciativa, no entanto, difícil é encontrar os volumes à venda ou mesmo nas principais bibliotecas do país!
Wesley, além da dificuldade de se encontrar materiais de qualidade nas livrarias "tradicionais" quando existem sobre África o preço é absurdo!
Coisas boas de baixo custo as editoras não publicam mais...
Um ano depois, e não consegui encontrar ainda o Vol. V desta coleção. Incrível! Wesley
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